* Articulo originalmente em inglês publicado em 13 July 2023 no site FINEXTRA (Towards Net-Zero: The Imperative of Transparency in the Circular Economy)

Estamos vivendo um momento crucial para o planeta. A crise climática, antes vista como uma ameaça distante, agora é uma realidade palpável. No próximo dia 2 de agosto, chamado de «Dia da Sobrecarga da Terra» (Earth Overshoot Day), alcançamos o limite do uso dos recursos naturais que a Terra consegue regenerar em um ano. Segundo a Global Footprint Network, estamos consumindo recursos como se tivéssemos 1.7 Terras à disposição. Isso não é sustentável.

Earth Overshoot Day
Segundo a Global Footprint Network, estamos consumindo recursos como se tivéssemos 1.7 Terras à disposição.

A solução? A economia circular.

A economia circular é mais do que necessária, é obrigatória. Precisamos abandonar o velho modelo de «extrair, produzir e descartar» e adotar um sistema circular, onde o resíduo se torna matéria-prima. Assim, reduzimos a demanda por novos recursos e minimizamos o lixo.

A economia circular já mostra sua eficácia em diversos setores (química, energia, agricultura, moda), contribuindo para a sustentabilidade e o uso eficiente dos recursos. É o caminho para um futuro com menos emissões de gases e um mundo mais sustentável (net zero).

Contudo, para que a economia circular funcione, precisamos de transparência. Clientes, governos e investidores exigem cadeias de suprimentos éticas e sustentáveis. A indústria precisa reduzir as emissões de carbono e atingir metas claras.

Eis o desafio: Como rastrear e monitorar produtos em seu ciclo de vida? A resposta pode estar na tecnologia blockchain. Com ela, é possível identificar e monitorar materiais ao longo de toda a cadeia de suprimentos (supplychain). Uma ferramenta essencial para a economia circular.

O Poder da Transparência na Economia Circular

Mudanças significativas requerem mais do que boas intenções. A COP28, que acontecerá em novembro/dezembro deste ano, é uma oportunidade para estabelecer metas de decarbonização e regulamentações que incentivem a transição para uma economia circular e a adoção de tecnologias avançadas.

Estudos revelam discrepâncias nos dados de emissões das empresas da Fortune 500, representando cerca de 27% das emissões globais. Além disso, 42% das reivindicações ecológicas são exageradas, falsas ou enganosas, indicando um cenário de greenwashing em grande escala.

A IFRS Foundation lançou recentemente novas regulamentações globais (ISSB), visando combater o greenwashing, exigindo a divulgação do impacto ambiental das empresas. Esta medida visa garantir uma economia de carbono neutro, auxiliando as empresas a entender e minimizar seu impacto ambiental.

A necessidade de transparência é inquestionável. A tecnologia blockchain surge como uma solução, permitindo um registro preciso e transparente das emissões de carbono, e prevenindo o greenwashing corporativo.

Segundo o whitepaper do World Economic Forum (Fórum Econômico Mundial), Blockchain for Scaling Climate Action (em português, Blockchain para Escalar a Ação Climática), publicado no final de abril de 2023, ressalta que:

blockchain tem o potencial de aprofundar e ampliar a luta contra as mudanças climáticas, democratizando a propriedade, melhorando a integridade e proporcionando uma visão em tempo real dos esforços de redução de emissões.

Adotando os princípios da economia circular e inovações como o blockchain, podemos colaborar para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e construir um futuro mais sustentável e transparente.

Impulsionando a Economia Circular com a Digitalização

A sustentabilidade tem sido o foco das atenções, exigindo dados de ESG mais precisos e abrangentes. Neste cenário, a digitalização surge como um pilar crucial. Entre as inovações tecnológicas, blockchain se destaca, tornando-se um aliado forte na transição da economia linear para a circular.

Com sua capacidade de oferecer transparência e rastreabilidade, o blockchain revoluciona a maneira como consumidores, empresas e governos acompanham o ciclo de vida de produtos e serviços, fomentando práticas mais sustentáveis e éticas.

Vejamos como:

  • Aprimorando a Gestão da Cadeia de Suprimentos: blockchain, como um registro aberto e descentralizado, aumenta a transparência e rastreabilidade das emissões de gases de efeito estufa, garantindo que os produtos sejam obtidos e fabricados de maneira sustentável.
  • Facilitando o CarbonTrading: blockchain pode tornar a negociação de créditos de carbono transparente e auditável, evitando a dupla contagem e ajudando as organizações a compensar suas emissões.
  • Impulsionando a Transição Energética: blockchain pode auxiliar na criação de plataformas para negociação de energia limpa, conectando produtores, consumidores e investidores e fomentando um sistema transparente para a geração e distribuição de energia renovável.
  • Quantificando Impactos Ambientais: blockchain pode apoiar uma economia circular ao habilitar um Passaporte Digital de Produto (DPP), ajudando a identificar oportunidades para reciclagem de produtos e redução de resíduos.
  • Garantindo a Conformidade Regulatória: Com o blockchain, empresas podem demonstrar sua conformidade com normas mais rigorosas sobre emissões de gases, registrando e verificando dados de maneira segura e transparente.

A digitalização e o blockchain são, portanto, ferramentas essenciais para acelerar a transição para uma economia circular, e, em consequência, ajudando a combater as mudanças climáticas.

Conclusão: A Força da Blockchain rumo à Sustentabilidade

Claramente, a questão climática não se resolve com uma única medida. Felizmente, blockchain surge como uma solução promissora entre muitas outras.

A chave está na TRANSPARÊNCIA que a blockchain oferece. Os consumidores, cada vez mais conscientes, precisam confiar nas informações que as empresas divulgam sobre seus produtos. As empresas, por outro lado, necessitam ter a segurança das informações adquiridas de seus fornecedores e de seus processos produtivos. E os reguladores devem certificar-se da veracidade de todas as informações relatadas. Por quê? Para que todos possam confiar que os dados são precisos e corretos.

Estou falando de dados como procedência, durabilidade, eficiência no uso de recursos, conteúdo reciclado, impactos ambientais e sociais, entre outros. A transparência nesses dados é vital na economia circular, evitando erros e fraudes, como o chamado greenwashing.

Além disso, a blockchain aumenta a eficiência das empresas, reduz custos e minimiza a necessidade de intermediários. A automatização de processos e a facilitação da comunicação melhoram a onfiança e fortalecem a imagem da marca. Isso atrai investidores e, sem dúvida, clientes.

Apesar dos benefícios do blockchain para a ustentabilidade, ainda existe a relutância das empresas em compartilhar dados. É uma grande questão da nossa sociedade: falta transparência, falta confiança. E essa é outra vantagem de blockchain: você pode contar com a transparência e a integridade dos datos para te respaldar.

No entanto, ainda há esperança. Novas legislações que requieram transparência, liderado especialmente pela Europa, podem acelerar o uso da blockchain. Isso ocorre porque compartilhar informações sobre a origem dos materiais e ciclo de vida de produtos é crucial para um sistema de reutilização, remanufatura e reciclagem (3 funtamentos da economia circular).

A ação climática é urgente. A pergunta que fica é: estamos prontos para mostrar com transparência nosso comprometimento e o impacto real de nossas iniciativas para um futuro sustentável?


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